A Música nas Escolas
Artigo extraído do livro Planejamento em Educação Musical
(1ª edição 1971) e (2ª edição 2011)
Sérgio de Vasconcellos-Corrêa
(30-01-2011)
Venho observando, as exposições feitas pelos mais diversos especialistas consultados a respeito da volta da Educação Musical às escolas, e chego à conclusão de que os objetivos que têm em mente vão: da simples proposta de inclusão de práticas recreativas com música, até a formação de orquestras.
O mais alarmante, é que nenhuma dessas propostas explora a música no seu aspecto formativo.
No geral deixam antever, quando muito, apenas “objetivos imediatos” - relacionados “ao fazer” musical - com ênfase na prática instrumental, postura meramente casuística, apoiada no engodo político da profissionalização, sem falar na manifesta, preconceituosa e antieducativa predileção por determinada vertente artística, seja ela popular ou erudita, atitude absolutamente contrária aos princípios que devem nortear qualquer ação educativa no âmbito da coletividade. Acredito, sinceramente, que a responsabilidade por tal indefinição é devida ao instrumento legal que trouxe a música de volta às escolas. Uma Lei que ao invés de privilegiar a educação na sua base, atende claramente a interesses outros, entre os quais, o dos músicos populares e eruditos sem formação pedagógica, o dos fabricantes de instrumentos musicais, o dos pedagogos sem formação musical, em detrimento dos verdadeiros educadores musicais, uma vez que o artigo que tratava da “formação dos professores” foi vetado, por decisão irresponsável do próprio Ministério da Educação. É assustador constatar, que aqueles a quem cabe cuidar da educação no país, não sabem a diferença que existe entre EDUCAR e ENSINAR.
O ensino musical, este sim deveria ser regulamentado, dando-se “status” de primeiro grau aos Conservatórios, de modo que esses estabelecimentos de ensino musical preparassem, durante um mínimo de seis anos, os estudantes de música interessados em ingressar no Curso Superior e não o absurdo de permitir - como ocorre atualmente - que estudantes com o mínimo de conhecimentos musicais, ingressem nas Faculdades de Música e três anos depois, saiam com diplomas de Bacharéis como: instrumentistas, regentes, compositores, musicólogos e professores, inclusive de Educação Musical, sem qualquer preparo no vasto e complexo mundo da Educação.
Espero que um pouco de bom senso ilumine a todos os que apoiaram essa Lei estapafúrdia e os faça lutar pela implantação do primeiro grau artístico sob a responsabilidade das escolas especializadas, deixando aos educadores a tarefa de educar, utilizando a música como instrumento.
Senhores políticos. Antes de criar projetos de Lei, consultem os que são do ramo, não os que circulam em sua órbita, interessadamente. Ponham a mão na consciência, pesquisem, ou se isso der muito trabalho, consultem as entidades de classe capacitadas a opinar a respeito, porém, não se esqueçam de solicitar a essas entidades, que procurem em seus quadros os nomes daqueles que já deram provas de proficiência no setor. De nada adianta a Academia Brasileira de Música, órgão consultivo do Governo Federal, indicar compositores, pianistas, historiadores e críticos de música que jamais entraram em uma sala de aulas de primeiro grau, para opinar a respeito do que não entendem, ou seja, EDUCAÇÃO MUSICAL.
É por isso que assim me manifesto a respeito dessa excrescência transformada em Lei, que agora entra em vigor, e discordo de todos os que a encamparam:
Non Credo
Não creio no político, todo poderoso,
Criador, para si, de um céu na terra,
Não creio nas excelências, nossos senhores,
Concebidos em conchavos, pelo poder de espíritos corruptos,
Nascidos da Ganância,
Padeceram sob a ditadura,
Crucificados, enaltecidos e perseguidos
Desceram aos porões do DOPS,
Subiram a rampa do planalto,
Estão sentados à esquerda da Democracia
De onde julgam os vivos e os mortos.
Não creio na justiça,
na sinceridade das palavras,
na comunhão das idéias,
na remissão dos males,
na ressurreição da honra
na honestidade,
Não Creio.
Bravo, Professor Sérgio !
ResponderExcluirestamos vivendo e VIVENCIANDO a mais total inversão de valores, jamais visto em tempo algum...
e...como se diz em italiano:"si non è vero, è bene trovato..."
vamos observar o que se segue, às consequências dos fatos...
(adorei o poema...ótimo !...segue um nosso, que vem a calhar com os "tempos modernos"...)
sombras
tenho um lado vil
assim, meio servil
que faz muito alarde
porque é mais covarde
um lado falso
completamente canalha
que ajuda empurrar,
vestindo a mortalha,
o inocente do cadafalso
um lado que espezinha
sorri à navalha cortante
se achega sempre distante
astuto se acerca, se avizinha...
um todo tanto obtuso
de um sorriso escabroso
que usa sempre o abuso
e se lastima medroso
um lado que fede perfume
maquia com betume
disfarça a pele flácida
e se mantém plácido
ao cheiro do curtume
de pura peçonha
que baba na fronha
só tem pesadelos
de arrepiar os pelos
e finge que sonha...
um lado de unhas sujas
mãos sempre meladas
carimbos de garatujas
obras perenes e inacabadas
eternamente infame
que só se dá ao reclame
que se esconde na noite
acaricia com açoite
e provoca o enxame
um lado tanto gelado
que se esgueira de lado
com porte adequado
nunca certo, todo errado
excêntrico , marginalizado...
um lado soberbo
por roubado acervo
com perfil escuso
de empáfia sórdida
nunca concluso
e polidez mórbida...
tenho um estranho lado
meio tudo, meio nada
personagem disfarçada
sempre camuflado
meio assim, meio assado...
(http://joebrazuca.blogspot.com/2010/11/sombras.html)
Saudações! O Ensino de Música na Escola Pública não é para formar músicos, apenas mais um item, e se for implantado realmente, não tem profissionais suficientes, a escola não está vendo como formação, mas como recreação. O que será ensinado, são músicas que tocam na grande mídia e não evoluirá disso. O professor Sergio Vasconcellos-Corrêa tem razão, mas o que fazer? A formação formal não é estimulada, e existe um conceito de que para ser músico não é perciso estudar, então, vai ser difícil de implantar qualquer projeto de Educação Musical em grande massa. Em Pauliceia, SP, algumas Igrejas proíbem e ridicularizam o aquecimento vocal, não é valorizado o conhecimento musical, inclusive, é praticada a discriminação pelo acesso ao conhecimento musical.
ResponderExcluirParece que a desinformação é grande mesmo, pelo menos, para quem passa pela graduação em música e tem como objetivo atuar como professor em alguma escola, pelo que penso, deve ter em mente realizar um bom trabalho, só pelo símples fato de colocar as crianças, por exemplo do 1 ano (crianças com 6 anos de idade)em contato com músicas que não sejam estas da tv aberta ou das rádios convencionais, ja é algo bem interessante, não acredito nesta questão que envolve músicos para dar as aulas ,foi uma falha mesmo, nem sempre o músico vai realizar um trabalho dentro do esperado, talvez, apresentar-se seria mais interessante, ja que ele é formado para isso, mas o professor graduado e licenciado em música , pode sim fazer diferença, acho que é uma época histórica, a transição de um período onde a edcuação musical foi praticamente esquecida nas escolas, para um novo, onde ha uma Lei que determina sua presença dentro das salas de aula, e, para terminar, em todas as áreas existem oportunistas, se irão vender instrumentos, ou , pessoas sem conhecimento suficiente irão entrar nessa, não ha muito o que fazer, vejo com otimismo a música como disciplina, mesmo que não exclusiva, dentro das escolas, e tenho certeza que não ira durar apenas por um tempo, agora estamos em outra época, com novas tecnologias e novos pensamentos e intenções educacionais, basta para quem não acredita, navegar no site da ABEM.
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